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Mostrando postagens de janeiro, 2009

China, a vez dos sociólogos – Por António Caeiro

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Considerada até há pouco tempo uma “disciplina burguesa”, a sociologia parece desempenhar hoje um papel central na vida académica e politica da China, proporcionando aos seus investigadores uma liberdade surpreendente. “Nos próximos trinta anos devemos libertar a sociedade das mãos do Estado, como fizemos com a economia durante os últimos trinta anos de reforma e abertura”, diz Shen Yuan, vice-director do Centro de Estudos da China Contemporânea da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Qinghua , em Pequim. Trata-se de uma das mais prestigiadas universidades chinesas, onde se formaram importantes membros da actual liderança chinesa, incluindo o secretário-geral do Partido Comunista e presidente da Republica, Hu Jintao, e o vice-presidente, Xi Jinping, apontado como o seu provável sucessor. O sociólogo francês Jean-Louis Rocca, professor na Qinghua, é peremptório: “ A liberdade de tom utilizada pelos sociólogos chineses põe em causa o que habitualmente se pensa no Oci

Acesso ao livro na conjuntura da crise – Por Rosely Boschini

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Nas crises econômicas como a atual, a indústria da cultura, na qual se incluiu o setor editorial, pode ser mais duramente afetada do que outros segmentos. O problema tende a ser mais acentuado nas nações emergentes e nas que se encontram em desenvolvimento, de modo proporcional ao que se observa em tempos de vacas gordas. Afinal, as taxas históricas do nível de emprego e inclusão social têm efetiva congruência com os índices de leitura. O brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano. Na Alemanha, por exemplo, são 6,3 volumes por habitante/ano; na França, sete; na Itália, cinco; e nos Estados Unidos, 8,2. É natural que um povo que ganha mais compre mais livros, assim como bens de consumo de um modo geral. Embora haja muita verdade nesta análise, não se pode ignorar que o nível de desenvolvimento das nações guarde estreita relação de causa-efeito com a cultura, a informação e o conhecimento. Assim, neste momento de adversidade macroeconômica, é imprescindível multiplicar os esforços volt

Criacionismo é ciência e evolucionismo é religião?

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Ciência e religião se excluem ou se complementam? Mec se posiciona contra o criacionismo em aula de ciências, mas Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional incentiva o ensino comparativo e crítico Destacado entre os maiores gênios, de todos os tempos, trouxe contribuições importantíssimas para a Matemática, Óptica, Física e Astronomia. Ao mesmo tempo em que escreveu Princípios Matemáticos da Filosofia Natural escreveu também Observações sobre as Profecias de Daniel e de Apocalipse de São João. Este é Isaac Newton, indicado à presidência da Sociedade Real e primeiro cientista a receber da Coroa Inglesa o título de Cavaleiro, passando a se chamar Sir Isaac Newton. Naquela época, séculos XVII e XVIII, estudando o livro bíblico de Daniel, mais especificamente o capítulo 12:4, em que o profeta fazia uma previsão quanto ao avanço da ciência, concluiu que em um futuro distante aconteceria algo inimaginável ao seu tempo, ou seja, carros andariam a mais de 80 km por hora. Sobre isso, o f

Israel e Palestina – O que está em jogo em Gaza – Por Miguel Monjardino

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Gaza é um lugar terrível. Um milhão e meio de pessoas vivem no meio de um mar de pobreza, falta de cuidados básicos de saúde pública, desemprego, ignorância, violência, túneis e contrabando de armas. A população sobrevive diariamente graças à ajuda das Nações Unidas. O final do ano costuma ser uma época de balanço para os decisores políticos. Estes balanços são particularmente importantes em lugares arruinados e com poucas ou nenhumas perspectivas de futuro. Gaza é disso um bom exemplo. Aí, o Hamas teve de fazer um balanço aparentemente simples: avaliar os resultados da trégua de seis meses com Israel. Tendo em conta que o Hamas governa Gaza e é responsável pelo bem-estar e futuro da população local, o mais natural é pensar que a renegociação da trégua com Israel seria do seu interesse. Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade Palestiniana, tornou claro o seu pensamento sobre o assunto: "Falámos com eles (o Hamas) e dissemos-lhes: 'Por favor, pedimo-vos, não ponham fim à trégu

Para ter autocontrole, adote uma religião, afirmam psicólogos - Por John Tierney

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Religiosos praticantes são mais centrados e disciplinados, sugere estudo.Versão secular do efeito, envolvendo valores 'sagrados', poderia funcionar. Se eu estiver realmente decidido a cumprir minhas promessas de Ano Novo para 2009, será que deveria acrescentar mais uma? Na lista de coisas a fazer, deveria acrescentar "ir à igreja"? Esta é uma reflexão estranha para um pagão, porém me senti obrigado a despertá-la com Michael McCullough depois de ler seu relatório a ser publicado na próxima edição da revista científica "Psychological Bulletin". Ele e um psicólogo da Universidade de Miami, Brian Willoughby, revisaram oito décadas de pesquisas e chegaram à seguinte conclusão: a crença religiosa e a devoção promovem o autocontrole. Isso me soou desconfortavelmente similar à conclusão das freiras que me ensinavam na escola, mas McCullough, por sua vez, não tem nenhuma motivação evangélica. Ele confessa não ser, ele próprio, um devoto. "Em relação à religião&

Desde quinta-feira (1º de janeiro de 2009) está valendo as novas regras do Acordo Ortográfico em todo o Brasil.

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A antecipação foi uma forma de demonstrar o apoio do portal às novas regras e colaborar para que os brasileiros se ambientem com o novo estilo de escrever. As novas regras entram em vigor no País a partir desta quinta-feira, mas a norma atual e a usada anteriormente poderão ser usadas e aceitas oficialmente até dezembro de 2012. A novidade chegará aos livros didáticos em 2010, quando todos deverão ser editados de acordo com a nova ortografia, com exceção de reposições e complementações de programas em curso. Em 1990, a reforma ortográfica foi aprovada por representantes de sete países que falam Português – Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Em 2004, o Timor-Leste aderiu ao projeto dois anos após obter sua independência da Indonésia. Para entrar em vigor, o acordo precisava da ratificação de no mínimo três países, o que foi conseguido em 2006 com Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, enquanto o Parlamento de Portugal aprovou em mai

Livro de Danièle Hervieu-Léger monta o quebra-cabeça da modernidade religiosa por – Dellano Rios

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Nas ciências sociais, a religião, em diversos momentos, foi vista como objeto de estudos exemplar. A construção social da realidade, a partir de um acordo coletivo implícito e da confluência de “visões do mundo”, tornava-se mais evidente quando o pesquisador se aproximava de uma comunidade crente. Curiosamente, ao passo que essas ciências se fortaleceram (sobretudo da última metade do século XIX até meados do século seguinte), o religioso passou a chamar atenção por um motivo bem diverso: seu fim se anunciava.A palavra de ordem entre muitos estudiosos da religião no Ocidente era “secularização”. O sociólogo Max Weber a tomava por “desencantamento do mundo”, fenômeno no qual a religião se retrai numa sociedade, ao passo que acompanha o progresso técnico-científico e o desenvolvimento industrial. Cercado por um mundo que parece ter saído de uma obra de ficção-científica, o homem da modernidade se livrava da religião e deixava seu conjunto de crenças fenecer. O tempo mostrou que a coisa n