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Mostrando postagens de outubro, 2009

"Temos uma 3ª escravidão no Brasil", diz especialista

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O sociólogo e professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), José de Souza Martins, é considerado um dos intelectuais brasileiros mais respeitados. De origem humilde, foi operário aos 11 anos de idade e formou-se em Ciências Sociais em 1964, pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Sua formação teve influência de professores como Florestan Fernandes, Otávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso. Quando começou a pesquisar as questões agrárias e do trabalho, criou uma "sociologia da vida cotidiana", que ajuda a entender a sociedade pelo que está à margem. Seu conhecimento ajudou na formação do Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho Escravo , durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, e o levou a ser, durante 10 anos, membro da Junta de Curadores do Fundo Voluntário da Organização das Nações Unidas (ONU) contra as Formas Contemporâneas de Escravidão. Martins cativa o interesse pela investigação social sobre os excluídos até em seu hobby, a fotogr

Ugo Giorgetti filma os dilemas da "sociedade do prazer" – Por Mauricio Stycer

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Sem apresentar um filme desde 2004, o cineasta Ugo Giorgetti comparece à Mostra de Cinema de São Paulo com dois novos projetos, que serão exibidos em sequência neste sábado (31/10), no Unibanco Arteplex . Como de hábito, Giorgetti coloca o dedo na ferida, propondo discutir temas incômodos, mas fundamentais, que caracterizam todo o seu cinema (“Festa”, “Sábado”, “O Príncipe”, entre outros). “Paredes Nuas”, uma madame milionária, cujo marido foi preso por crime financeiro, conversa com seus empregados e seu advogado sobre o futuro. Em “Solo”, um idoso solitário expõe para a câmera sua dificuldade em se adaptar aos tempos modernos. “Paredes Nuas” é um filme de 52 minutos, feito para a televisão, com recursos da Secretaria da Cultura de São Paulo , a ser exibido na TV Cultura . A história se desenrola integralmente na sala de uma mansão, dias depois da prisão do dono da casa, cujo retrato na parede é a única obra de arte que a polícia não recolheu. A empregada e o motorista, angusti

492 anos da Reforma Protestante - Por Daniel Carvalho

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O grande feito de Martinho Lutero, o homem que mudou o curso da história do cristianismo no mundo com a Reforma Protestante, completará amanhã 492 anos. Em Mogi das Cruzes, a data será reverenciada na reunião do Copomc (Conselho de Pastores e Obreiros de Mogi das Cruzes), na Igreja Batista de Brás Cubas , a partir das 8h30. Na ocasião, o conferencista e escritor Russell Philip Shedd tratará do tema: "492 Anos de Reforma - De Volta para a Bíblia". O marco da Reforma refere-se ao dia em que Lutero, um monge alemão, afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses que criticavam vários pontos da doutrina católica. Neste documento, ele conclamava a retomada das raízes do cristianismo em uma época em que a Igreja Católica ostentava o poder absoluto e descabido, como a venda das indulgências. Os fiéis pagavam para ser perdoados pelos seus pecados. A historiografia católica tradicional retrata Lutero como um monge louco, um psicótico demoníaco derrubando os pilares da Igre

Salazar - A Political Biography – Entrevista com o autor - por Maria José Oliveira

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Ao longo de sete anos, Filipe Ribeiro de Meneses, historiador português radicado em Dublin, Irlanda, trabalhou quase exclusivamente numa obra académica inédita na historiografia internacional - a biografia política de Salazar. O resultado da pesquisa traduziu-se no livro: Salazar - A Political Biography , um volume com mais de 600 páginas com a chancela da editora nova-iroquina Enigma Books . O livro é apresentado hoje, 30/10, na Embaixada portuguesa em Washington , às 18h locais (22h em Lisboa), pelo embaixador João de Vallera, com a presença do autor. Ontem, Ribeiro de Meneses falou sobre o seu livro na Biblioteca da Universidade de Georgetown , na mesma cidade. Em mais de 600 páginas, o autor, professor na National University of Ireland, tentou compreender as decisões do antigo presidente do Conselho durante as quatro décadas do regime. Mas não foi fácil. Porque o cariz centralizador de Salazar nos mais diversos assuntos "dificulta, intencionalmente ou não, o acesso do hi

História de sobreviventes – Por Alex Sander Alcântara

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Ao analisar documentos emitidos pelas missões diplomáticas sediadas no exterior entre 1933 e 1950 percebe-se a postura do governo brasileiro diante do antissemitismo e da perseguição aos judeus na Alemanha nazista e nos países colaboracionistas. Ofícios e relatórios secretos dão uma dimensão dos bastidores da política brasileira no período, como aponta pesquisa coordenada pela historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Milhares desses documentos estão disponíveis na internet desde 17 de outubro, no portal Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo (Arqshoah), projeto do Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) do Departamento de História da FFLCH. Na base de dados, documentos oficiais podem ser cruzados com passaportes, fotografias, passagens e relatos de sobreviventes, permitindo reconstituir o cotidiano de al

Biblioteca de Nova York celebra 250 anos de 'Cândido', de Voltaire

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Biblioteca Pública de Nova York inaugura nesta sexta-feira uma exposição dedicada ao livro: "Candide", "Cândido", de Voltaire, um conto filosófico, 250 anos depois de ter provocado um escândalo na Europa. A mostra inclui as 17 edições de 1759 desse pequeno livro e o único manuscrito conhecido, corrigido de próprio punho pelo escritor (1694-1778). A exposição, que permanecerá aberta até o próximo 25 de abril/2010, inclui, além disso, edições posteriores - até versões em quadrinhos - e documentos sobre obras de teatro, além de uma ópera inspirada no livro. Em seu conto, Voltaire parte da constatação de que a história do ser humano é "uma série de desgraças inúteis" sem sentido, ao contrário do que professam algumas religiões, incluindo a cristã. No final, depois de um longo périplo pelo mundo durante o qual passa por várias desventuras e lamenta que a mulher de seus sonhos tornou-se feia e amarga, Cândido recomenda como filosofia de vida "cultiva

Jornada interior na forma de trilogia – Por Analice Del Vecchio

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Segunda parte da trilogia de Theo Angelopoulos, A Poeira do Tempo foi exibida no festival paulista, seguida de debate com o diretor homenageado. Assistir a um filme do cineasta grego Theo Angelopoulos é uma experiência, uma viagem imagética ao centro do homem. A aventura está sendo proporcionada ao público da Mostra Internacional de São Paulo sob a forma de uma retrospectiva com oito filmes. O mais recente, A Poeira do Tempo (2008), segunda parte de uma trilogia que discute as raízes da Grécia no século 20, foi apresentado pela primeira vez no Brasil na noite de terça-feira, no Cine Bombril , seguido de um debate com o diretor. No filme, que abre a trilogia, O Vale dos Lamentos (2004), Angelopoulos conta a história de um grupo de expatriados que, em 1919, fogem do avanço do Exército Vermelho em Odessa, na Ucrânia, e se estabelece na Grécia. Em A Poeira do Tempo , ele faz o itinerário inverso. “Após a Segunda Guerra Mundial, o país enfrentou uma violenta ditadura militar que,

Doutorado associa futebol a revolução cultural – Por Carolina Stanisci

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Tese de Raul Milliet Filho demonstra a contribuição importante do esporte na cultura brasileira É banal chamar futebol de arte. A tese de doutorado: “Cenários e Personagens de Uma Arte Popular: Futebol Brasileiro, Hegemonia, Narradores e Sociedade Civil”, de Raul Milliet Filho, foge do lugar-comum e demonstra, em 424 páginas, a contribuição importante do esporte na cultura brasileira. Aprovada com distinção e louvor, em agosto, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP , a tese mostra a revolução que o esporte promoveu na estética e na linguagem oral e escrita no Brasil. Milliet aponta a entrada do negro como personagem de destaque na sociedade como mudança de paradigma. “A modernidade da nossa cultura tem os pés fincados no futebol e no samba.” Sobrinho do jornalista esportivo e técnico da seleção João Saldanha, o carioca Milliet gostava desde menino de assistir no estádio às partidas do seu time, o Botafogo. Anos depois, formado em História e professor, at

Pesquisadores fazem encontro sobre ciências sociais em MG

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Cerca de 3 mil pesquisadores de sociologia, antropologia, ciência política e relações internacionais se reunirão durante uma semana em Caxambu, no sudeste de Minas Gerais, de 26/10, no 33º encontro anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Durante o evento, que vai até o dia 30/10, os cientistas sociais farão cerca de 700 apresentações sobre temas diversos e da agenda pública atual, como os 20 anos da queda do Muro de Berlim, as eleições gerais no próximo ano, a violência urbana e a desigualdade social, racial e de gênero. Os encontros da Anpocs permitem intercâmbio entre professores e estudantes de 87 programas de pós-graduação de todo o país. “Academicamente, esses encontros são muito relevantes. O evento é o lugar onde os pesquisadores fazem com que os seus trabalhos passem pelo primeiro teste, aquele da leitura de seus pares e de discussão com companheiros de ofício”, afirma a socióloga Maria Alice Rezende de Carvalho, presidente d

Um mergulho na história da Justiça brasileira – Por Mauricio Stycer

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Os autores: Paulo Guilherme de Mendonça Lopes e Patrícia Rios, ao lado, Ricardo Tosto. Da criação da Casa de Suplicação do Brasil , em 1808, à instalação do Conselho Nacional de Justiça , em 2005, são dois séculos de avanços e recuos na construção do Poder Judiciário brasileiro . É uma história repleta de percalços, conflitos e dificuldades, mas também de glórias, mostram os advogados Paulo Guilherme de Mendonça Lopes e Patrícia Rios em “Justiça no Brasil – 200 anos de história” . O livro se propõe, como observa o advogado Ricardo Tosto na apresentação, a revelar “a riqueza oculta nas raízes da atual estrutura judiciária brasileira”. Lembra Tosto que a criação da Casa de Suplicação por iniciativa de D. João, em 1808, levou o Brasil a conquistar autonomia judicial 14 anos antes de sua independência política, mas ao preço, como mostram os autores, do estabelecimento de uma legislação desigual, que beneficiava a Inglaterra. Em 187 anos de independência, aponta Tosto, o Brasil te
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duas-obras-de-aleijadinho-foram-redescobertas-em-mg fonte: http://noticias.uol.com.br

Obviedade recodificada – Por Marcelo Campos

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O artista Hélio Oiticica declarara um interesse profundo em trabalhar com as imagens óbvias que desenharam a nossa brasilidade. Com isso, o Tropicalismo abriu espaço para refletirmos sobre o kitsch das decorações e gostos populares, o exótico de nossos símbolos nacionalistas: ``banana is my business``. Lá, nos anos 1960, a arte brasileira vislumbrava um possível caminho de aceitação e, ao mesmo tempo, crítica às imagens que construíram nossa brasilidade. Na mesma época, com o surgimento do chamado pós-modernismo, a originalidade das imagens e a ideia de invenção do novo deixaram de ser objetivos dogmáticos. Artistas lançavam mão das apropriações tanto de materiais e objetos quanto de imagens pré-existentes. Atitudes que tiveram ascendência nas colagens cubistas e nas apropriações de Marcel Duchamp no início do século XX. Abria-se uma tarefa para as artes: trabalhar com a recodificação da realidade, investir nas imagens óbvias que nos acompanham nos cartazes das ruas, nas embalagens

Evangelho de um Primário – Por Daniel Oliveira

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[ A propósito da polêmica sobre o novo livro de José Saramago] No dia 29 de Novembro/09 a Suíça vai referendar a proibição de construção de minaretes em mesquitas. A interdição não se aplica, como é evidente, às torres das igrejas, apesar de uns e outras terem exactamente a mesma função. Este é o desrespeito que não se tolera: quando fiéis, convencidos da sua superioridade religiosa, limitam a liberdade de culto dos restantes. Ou quando uma religião quer fazer das suas leis as leis do Estado e, por isso, de todos nós. Fora isso, a religião, os seus fundamentos e os seus livros merecem tanto respeito como qualquer outra coisa na terra: nem de menos, nem de mais. Não é, por isso, a falta de respeito que me incomoda nas declarações de Saramago sobre a Bíblia (e nem comento os apelos a que renuncie à nacionalidade portuguesa). Muito menos a mim, ateu de pai e mãe e razoavelmente anticlerical. É o primarismo. Como reduzir um conjunto de textos tão complexo e contraditório a "a

U2 faz música com fé sem rótulo de rock cristão

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O U2 tem uma carreira admirável no rock ‘n’ roll, tipo de música notório por recompensar artistas que cantam sobre coisas mais simples do que o mundo em que vivemos e o lugar que nele ocupamos. A banda – ou, em alguns casos, apenas Bono, seu homem de frente – já desempenhou o papel de pop star, pária, filho pródigo e proselitista. Porém, ao longo de seus 30 anos de carreira, a espiritualidade do U2 nunca rotulou sua música como rock cristão - estigma considerado medíocre no circuito comercial da música. O U2 vem mantendo primorosamente tanto seu lado espiritual como seu lado laico - em proporções que não limitariam seu alcance de público. Greg Garret, professor da Baylor University e autor do livro: “We Get to Carry Each Other: The Gospel According to U2” (Nós temos que nos apoiar: o evangelho segundo o U2), afirma que o rock cristão se tornou uma frase tóxica no pop por uma boa razão: “Temos a arte cristã, onde a arte é menos importante do que seu lado cristão. As crenças do U2 s

Ensino religioso conquista os alunos- Por Priscilla Castro

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Português, matemática e ciências são matérias obrigatórias na grade curricular de qualquer aluno. Do 1º ao 9º ano, crianças e adolescentes estudam as mais diferentes disciplinas e exercitam atividades para auxiliar no aprendizado do que vai servir para o futuro vestibular. Essas práticas são obrigações, ou seja, ninguém pode escolher se quer ou não estudar. No entanto, nem tudo é compulsório dentro das salas de aula e um tema que vem ganhando destaque e interesse dos jovens é exatamente um que eles podem escolher: o ensino religioso. Obrigatório às escolas públicas e particulares de Ensino Fundamental desde 1997, mas facultativo aos alunos, o ensino religioso está conquistando a adesão dentro das salas de aula. Os estudantes se mostram interessados não só em conhecer outras crenças, mas também em entender como a religião funciona na vida de cada um. Segundo os professores, as turmas são completamente preenchidas pelos alunos que passam a reconhecer a importância do tema. “Desinte