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Mostrando postagens de dezembro 22, 2012

Natal da dignidade humana - Por Anselmo Borges

Numa troca célebre de cartas entre o cardeal Carlo M. Martini e o agnóstico Umberto Eco, publicadas com o título "In cosa crede chi non crede?" , U. Eco escreve:  Mesmo que Cristo fosse apenas o tema de um grande conto, "o facto de esse conto ter podido ser imaginado e querido por bípedes implumes, que só sabem que não sabem, seria miraculoso (miraculosamente misterioso)".  O Homem teve, a dada altura, "a força, religiosa, moral e poética, de conceber o modelo do Cristo, do amor universal, do perdão aos inimigos, da vida oferecida em holocausto pela salvação dos outros. Se fosse um viajante proveniente de galáxias longínquas e me encontrasse com uma espécie que soube propor-se este modelo, admiraria, subjugado, tanta energia teogónica, e julgaria esta espécie miserável e infame, que cometeu tantos horrores, redimida pelo simples facto de ter conseguido desejar e crer que tudo isto é a Verdade." Mas Jesus não é um simples conto ou um mito. Ho

Série Conversas de fim de ano – Por Joana Gorjão Henriques

Nesta época, há temas que pairam nas nossas conversas. Por isso criámos a série Conversas de fim de ano.  Escolhemos dez temas, organizados em cinco blocos, para os quais entrevistámos dez peritos em diferentes áreas: consumismo e poupança; família e viver sozinho; religião e ateísmo; amor e violência; optimismo e pessimismo. Ao longo de cinco dias seguidos, excepto o dia 25, em que não há edição papel, publicaremos cada bloco na edição impressa e no PÚBLICO online , onde disponibilizaremos também infografias e a versão integral das entrevistas, um exclusivo para leitores que assinam o jornal, o que agora pode ser feito diariamente por 0,60 euros. Começamos no sábado com os temas consumismo e poupança. Lauren Andersen, directora de inovação do britânico Collaborative Lab , fala sobre a nova tendência da economia da partilha. É um mercado em expansão, que se baseia na ideia de comunidade e põe de lado o consumismo desenfreado. Stan Stalnaker, fundador do Hub Culture , cri

O mundo não acabou, mas previsões continuam

Apesar de todas as tentativas frustradas de estabelecer um marco no calendário para o fim do mundo, esta parece ser uma curiosidade ainda distante de ser saciada. Se 21 de dezembro de 2012 era a estimativa mais próxima a ser posta à prova, certamente não foi a última. “A pergunta sobre o fim do mundo sempre acompanhou a história humana. É uma questão existencial, pois o Homem entende que deve haver uma conclusão”, diz Abimar de Moraes, coordenador do programa de pós-graduação em Teologia da PUC-Rio. Segundo o estudioso, muitas das previsões feitas decorrem de interpretações literais e anacrônicas dos textos da Bíblia, que não especifica uma data. De acordo com uma profecia atribuída a São Malaquias, a chegada do sucessor de Bento XVI será o prenúncio do apocalipse, uma vez que representa o 112º e último, papa da lista supostamente criada por ele. Um artigo publicado em 1960 pela conceituada revista Science com pesquisadores da Universidade de Illinois calcula que, me

Jesus, um mistério que vai além da história – Por Marcelo Musa Cavallari

Tente se imaginar em Jerusalém, na sexta-feira antes do meio do primeiro mês lunar dos judeus no ano 33 da nossa era.  O líder judeu de um movimento morrera crucificado, a mais degradante execução que poderia ser imposta pelo Império Romano, entidade política dominante na região.  Dentre os poucos que se mantiveram seus seguidores até aquele momento de perseguição, alguns contavam com ele para restaurar a independência de Israel, tornar-se rei dos judeus e reformar o judaísmo, devolvendo-lhe seu caráter distinto das religiões pagãs de todos os outros povos. Os líderes desse pequeno grupo eram, naquele momento, 11 homens. Nenhum deles gozava qualquer tipo de poder nem entre seus próprios compatriotas judeus, muito menos no Império Romano. Desse cenário de derrota, o cristianismo evoluiu para ser a maior religião do mundo em número de praticantes. É a principal religião da Europa, das Américas, da Oceania, tem fortíssima presença na África e existe em quase todos os paíse

Em seis anos, número de matrículas no ensino fundamental cai 7,5%

Caiu o número de estudantes matriculados no ensino fundamental, segundo dados do Censo da Educação Básica 2012 , divulgados pelo MEC (Ministério da Educação) na noite desta quinta-feira (20). Em 2012, estavam matriculados no ensino fundamental 29,7 milhões de brasileiros. São 656 mil estudantes a menos do que em 2011, queda de 2,2%. Comparado a 2007, são 2,4 milhões de estudantes a menos nesse nível (redução de 7,5%). A progressão histórica mostra que a redução no número de matrículas é maior entre alunos de 6 a 10 anos, queda de 1,8 milhão de matrículas até 2011, que entre crianças entre 11 e 14 anos, queda de 343 mil matrículas até 2011. A mudança é explicada como ajustamento demográfico, com mais estudantes frequentando o ano adequado à sua idade. Por outro lado, o número de vagas de ensino integral cresceu no ensino fundamental: havia 2,2 milhão de alunos nessa modalidade em 2012, aumento de 24,4% em relação a 2011. O número de matrículas no ensino médio se mant

Para Cybele Amado, cursos de pedagogia "não deveriam mais existir no Brasil" – Por Suellen Smosinski

A presidente e diretora executiva do Icep (Instituto Chapada de Educação e Pesquisa), Cybele Amado, defende que o Brasil tenha "institutos superiores de formação de professores, com um currículo que forme professores para ensinar" , no lugar dos atuais cursos de pedagogia nas faculdades de educação.  A formação dos docentes é apontada como um dos maiores problemas da educação por gestores de municípios da Chapada Diamantina e do semiárido baiano. "Na minha opinião, e as pesquisas também já apontam isso, os cursos de pedagogia não dão conta da formação dos professores. O currículo dos cursos é muito centrado em disciplinas de direitos humanos, história da educação, filosofia da educação. Basicamente, não tem no currículo disciplinas que ajudem o professor a saber o que e como ensinar. Isso significa que nós formamos pedagogos, mas não formamos professores" , afirma Cybele. Segundo Cybele, muitos professores que se formam em pedagogia contam que apre