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Mostrando postagens de janeiro 26, 2015

Braga: 'Sou criança em relação a esse mundo milenar' – Por Cleidiana Ramos

Os 42 anos da experiência de magistério em universidades como a Federal da Bahia , a Estadual de Feira de Santana e a Nacional do Zaire forjaram o discurso envolvente de Julio Braga, 72 anos.  Doutor em antropologia e babalorixá, ele domina o código acadêmico, mas também o da oralidade cheia de sabedoria das religiões afro-brasileiras. Transitar entre esses dois mundos parece confortável para o autor de 11 livros, dentre os quais:  Candomblé: a cidade das mulheres e dos homens , com lançamento previsto para o dia 7 de fevereiro, na biblioteca pública de Itaparica.  Além desse, Julio Braga já prepara uma coletânea de poemas que divide com amigos do Facebook e que chama de  "prosemas" , misturando poesia e a prosa em que é mestre.    Para perceber isso, basta ouvi-lo narrar a aventura da primeira viagem internacional para Dakar , Senegal , onde tomou forma a melhor definição que encontrou para si mesmo: o antropólogo na encruzilhada, título de um dos seus

Desigualdades da economia em debate no Porto/Portugal – Por Francisco Pedro

Jornadas sobre as desigualdades sociais juntam especialistas num diálogo entre a teologia e as ciências económicas.  O encontro foi buscar inspiração à exortação apostólica do Papa Francisco, onde aborda: "a economia que mata e a economia que faz viver". Alertar a sociedade para as "desigualdades da economia" é um dos objetivos das Jornadas da Teologia que se realizam entre 02 e 05 de fevereiro, no auditório Carvalho Guerra, no polo do Porto da Faculdade de Teologia.  Entre os vários teólogos e economistas presentes destaca-se a participação de "um dos maiores especialistas" em teologia moral, o espanhol Marciano Vidal, do Instituto de Ciências Morales de Madrid (Espanha).  Perante as desigualdades sociais atuais, pretende-se "debater causas, efeitos e soluções, num diálogo interdisciplinar entre a teologia e as ciências económicas" , explica em comunicado a Faculdade de Teologia, que promove a iniciativa em parceria com a F

Fórum Econômico Mundial discute extremismo religioso - Por Leiliane Roberta Lopes

O evento reuniu representante cristão, judeu e muçulmano em Davos . O Fórum Econômico Mundial em Davos , na Suíça, realizou na última quarta-feira (21/01) uma sessão exclusiva sobre religião onde lideranças políticas e religiosas discutiram sobre a violência, o extremismo e a liberdade de expressão. O encontro teve a participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair; do rabino David Rosen, do Comitê Judaico Americano ; do clérigo muçulmano Hamza Yusuf Hanson, especialista em Islã e do arcebispo sul-africano Thabo Makgoba Cecil. Motivado pelos ataques em Paris , o encontro não falou apenas sobre as mortes na sede da revista Charlie Hebdo , lembrando também dos conflitos motivados pelo extremismo religioso no Oriente Médio, Nigéria e República Centro-Africana. Blair lembrou de casos de extremismos antirreligiosos como o comunismo e o fascismo. “O extremismo não é um fenômeno recente, tivemos o extremismo no século 20, através do comunismo e do fascismo, qu

O que diz a Igreja Católica sobre a ordenação de mulheres? - Por Filipe d'Avillez

A inglesa Elizabeth Lane foi ordenada bispo na Igreja de Inglaterra. Algo que seria impossível na Igreja Católica. A ordenação de mulheres, tanto para o sacerdócio como para o episcopado, é apenas uma das diferenças entre a Igreja Anglicana e a Católica , mas é uma diferença significativa, considerada pelos católicos como "definitivamente" impeditiva do reconhecimento das ordens sacras dos anglicanos e de uma eventual reunificação.  A Igreja de Inglaterra começou a ordenar mulheres para o sacerdócio em 1994 e esta segunda-feira ordenou a primeira mulher para o episcopado. Outras províncias anglicanas, como a Igreja americana, canadiana e australiana, por exemplo, já ordenam mulheres bispo há muitos anos.  Mas na Igreja Católica , aliás como nas Igrejas ortodoxas , a ordenação de mulheres não só não é possível de momento como é considerada uma questão doutrinária que não pode ser mudada.  As raízes da questão são tanto da revelação como da tradição, os

Uma tarde na mesquita – Por Miriam Diez Bosch

A diversidade religiosa é um desafio, não uma ameaça. Passei algumas horas em uma mesquita, de pés descalços, do jeito que Alá mandou. Foi na mesquita que provavelmente é a maior da minha cidade natal, Barcelona : ela ocupa os andares inferiores de um edifício inusitado, dentro do Centro Cultural Islâmico Catalão. Tecnicamente, é um oratório, porque as mesquitas são edifícios separados e específicos. Enquanto eu bebia chá com hortelã e comia deliciosos doces árabes recém-assados, perguntava um pouco e ouvia muito. Eles falavam comigo em catalão e em espanhol e eu os ouvia falar em árabe entre si. Fiquei surpresa ao ver que eles acolhem cristãos sírios refugiados. Crianças cristãs estão tendo aulas de árabe dentro de um centro islâmico. Mulheres paquistanesas, muçulmanas, também levam os seus filhos até lá para receberem reforço escolar.  O diretor do centro veio de Argel e se chama Salim. Ele é um homem simpático e acolhedor, que quer apenas ser compreendido. Conhec

As religiões e o terrorismo – Por Leonardo Boff

Os principais conflitos do final do século XX e dos inícios do novo milênio possuem um transfundo religioso.  Assim na Irlanda, em Kosovo , na Kachemira , no Afeganistão, no Iraque e no novo Estado Islâmico , extremamente violento.  Ficou claro em Paris com o assassinato dos cartunistas e outras pessoas por fundamentalistas islâmicos. Como nisso entra a religião? Não sem razão escreveu Samiuel P. Huntington em seu conhecido livro: O choque de civilizações:  “No mundo moderno, a religião é uma força central, talvez a força central que motiva e mobiliza as pessoas… O que em última análise conta para as pessoas não é a ideologia política nem o interesse econômico; mas aquilo com que as pessoas se identificam são as convicções religiosas, a família e os credos. É por estas coisas que elas combatem e até estão dispostas a dar a sua vida” (1997, p.79).  Ele critica a política externa norte-americana por nunca ter dado o devido peso ao fator religioso, considerado alg